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Real foi a moeda que mais se valorizou no acumulado do ano

Banco Internacional de Compensações (BIS) mostra que o real se valorizou 6,2% em julho e teve alta de 10,7% em 90 dias

Dados do Banco Internacional de Compensações (BIS) mostram que o real foi a segunda moeda com maior alta do mundo em julho.

Na comparação trimestral e no acumulado dos sete primeiros meses do ano, a moeda brasileira é a que apresenta a maior valorização entre as 60 acompanhadas pela entidade.

Ao calcular a taxa de câmbio real efetiva, o banco mostra que o real se valorizou 6,2% no mês passado, teve alta de 10,7% em 90 dias e acumula salto de 30% ante o piso observado em setembro do ano passado.

Mensalmente, o BIS calcula a taxa de câmbio efetiva de 60 países em um levantamento que leva em conta as médias geométricas ponderadas pelas taxas bilaterais entre as moedas do levantamento. O estudo é ajustado ainda pela inflação ao consumidor.

Essa pesquisa mostra a firme tendência de apreciação já vista na taxa nominal do câmbio brasileiro. Segundo o BIS, o real teve valorização real de 6,2% em julho. Com esse fortalecimento, o dinheiro brasileiro voltou ao patamar observado em janeiro de 2015.

A valorização vista no Brasil em julho foi a segunda maior do levantamento e ficou atrás apenas do rand da África do Sul, que teve alta de 6,8%.

Entre demais países, o peso chileno teve valorização de 3,9%, a taxa de câmbio da Rússia teve apreciação de 3,1%, o dólar australiano avançou 2,4%, o rupia da Índia e o peso colombiano se fortaleceram 1,2%, enquanto o dólar dos Estados Unidos ganhou 0,5%.

No sentido contrário, o peso argentino teve queda real de 4,7% e a libra esterlina perdeu 6,6% no mês seguinte ao plebiscito – o pior desempenho no mês.

A valorização da moeda brasileira, porém, não é um fenômeno apenas das últimas semanas. Os dados do BIS mostram que o real acumulou valorização real de 10,7% nos três meses entre maio e julho.

A troca na presidência da República aconteceu em meados de maio. Nesse período de três meses, o fortalecimento do real é bem superior à alta do rublo russo (6,9%) e iene japonês (6,4%) – as duas moedas com melhor desempenho após a divisa do Brasil.

Por outro lado, a libra esterlina lidera o grupo das divisas que mais perderam força, com queda de 6,5% no período. Em seguida, aparecem o peso mexicano (-5,9%) e o yuan chinês (-3,6%).

No acumulado do ano, o real lidera mais uma vez o rali. Com valorização de 23,3%, a moeda brasileira avançou em ritmo mais forte que o iene japonês (15,3%) e peso colombiano (13,8%) – moedas que ocupam o segundo e terceiro lugares entre as que mais se valorizaram no período.

No sentido contrário, a libra esterlina lidera mais uma vez com queda de 13,9% e é seguida de perto pelo peso argentino, que registra desvalorização real acumulada de 13,5% no ano. Foram excluídos os dados da Venezuela, país que tem operado mercado de câmbio distorcido pelos controles impostos por Caracas.

MAIOR FUNDO SOBERANO DO MUNDO VOLTA A INVESTIR NO BRASIL

O maior fundo soberano do mundo aumentou a aposta no Brasil. Balanço do Fundo Soberano da Noruega mostra que os gestores aumentaram a exposição às ações brasileiras em cerca de 35% entre dezembro de 2015 e junho de 2016.

Na renda fixa, a participação da dívida brasileira aumentou 18%. Agora, o Brasil ocupa a quarta posição entre os mercados mais importantes da carteira emergente em ações e o terceiro principal posto no portfólio de renda fixa das economias em desenvolvimento. O fundo tem US$ 870 bilhões em patrimônio.

Em meio à melhora do sentimento com a economia brasileira, os gestores do maior fundo soberano do mundo mudaram de estratégia e voltaram a comprar Brasil.

O balanço do segundo trimestre revela que a exposição às ações de empresas brasileiras cresceu para o equivalente a 0,7% da carteira de ações no fim de junho de 2016 – ante 0,5% no fim de 2015. Com esse reforço, o fundo soma agora cerca de 29,9 bilhões de coroas norueguesas alocadas em ações do País – R$ 11,6 bilhões.

Na renda fixa, o investimento também foi reforçado. No fim de junho, 1,1% da carteira do segmento estava alocada em títulos de dívida emitidos em reais brasileiros – ante 0,8% em dezembro do ano passado.

Com esse aumento, a exposição à dívida brasileira alcançou aproximadamente 29,5 bilhões de coroas norueguesas –R$ 11,4 bilhões.

"No Brasil, os mercados ficaram mais estáveis no segundo trimestre após um período turbulento e o real se apreciou ainda mais durante o período. Mercados encararam a mudança do governo em maio como um passo na direção correta em termos de trazer as necessárias reformas econômicas", dizem os gestores no relatório divulgado em Oslo.

Com a recuperação dos mercados brasileiros e o aumento da exposição aos ativos nacionais, o fundo norueguês colheu frutos no segundo trimestre. A carteira global de renda fixa teve retorno operacional de 2,6% no segundo trimestre.

O ganho ficou 0,1 ponto porcentual acima do índice de referência determinado pelo Ministério de Finanças da Noruega. "Esse retorno adicional foi devido à maior alocação em mercados emergentes, em particular nos títulos do governo brasileiro", cita o relatório.